Cadernos da Água


A realidade de que estamos habituados a ver à distância pode, afinal, vir a ser o nosso.
Num romance composto a múltiplas vozes, é feminina a voz que se sobrepõe, através do fio condutor de um caderno onde registra o seu dia a dia de refugiada na companhia da filha. O destinatário dos seus apontamentos é o marido, em parte incerta, e somos nós quem os lemos. São portugueses estes refugiados.

O Estado português dissolve-se, e o território está sem lei. Deram-se as Guerras Meridionais da Água, o Primeiro e o Segundo Eventos, e até uma pandemia de rex-vírus 3, que se oferece pela Europa, pelo Médio Oriente e pelo Norte de África. Os países do Norte fecharam as fronteiras e interromperam o apoio financeiro que vinham a dar aos países do Sul da Europa, a «taxa do deserto». A seca é extrema.

Uma narrativa distópica de leitura compulsiva a partir da primeira linha. Um romance construído com grande mestria e com um desenvolvimento surpreendente.

 

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